Capa do livro Tudo é Filosofia título livro

  • Organização: Wallace Lopes Silva
    (et al.)

  • Livro com 198 páginas, papel alta alvura 90 gramas, formato 16x23 cm, impresso a 4/4 cores com fotos e ilustrações coloridas.

    ISBN 978-85-62987-25-0

  • Realização: Hexis Editora
  • Preço de capa: R$ 52,00
  • Preço promocional de lançamento no site da editora: R$ 42,00
  • https://www.hexiseditora.com.br/

O pensamento em palavras filosóficas

“ALMA é nosso espírito, aí se você morrer a nossa alma vai pro céu...”

Nilton Henrique | 1º Ano do Ensino Fundamental I

“O CORPO é o impedimento marcado...”

Lucas | Pré II

“A FILOSOFIA serve pra gente aprender as coisas, pra trabalhar muito com a cabeça...”

Lara | 1º Ano do Ensino Fundamental I

Este dicionário transdisciplinar é um belo livro com textos e ilustrações de 58 crianças de 4 a 12 anos das turmas do Pré II ao 5º ano do Ensino Fundamental I de 2018 do Colégio Divina Providência, no Rio de Janeiro, numa oficina de filosofia com crianças iniciada em 2014 e já rendeu frutos como o livro Tudo é filosofia.

Assim disseram as crianças nos traz uma metodologia de trabalho didático de conceitos complexos com crianças de diferentes idades, fazendo um "origami do pensar". As palavras e as ideias são apresentadas com ilustrações e argumentação numa visão multicultural, o que leva a intepretações pelos estudantes em forma de diálogos, textos e desenhos. Temas como ÉTICA, HUMANISMO ou RAZÃO são tratados com proximidade e liberdade, respeitando as diversidades uns dos outros, com resultados surpreendentes na construção de um conhecimento coletivo.

O livro é composto da parte inicial com a apresentação do método pedagógico, uma reflexão de 16 professores e outros atores do processo educacional sobre a gênese da palavra e das linguagens, a parte central tem os 26 verbetes filosóficos de A a Z, sempre apresentando o conceito em foco, uma citação de autor consagrado, a tradução/visão das palavras nas línguas/culturas Guarani, Yorubá, Árabe e Latina, a grafia das letras em diversos alfabetos e a interpretação das crianças em frases e desenhos coloridos.

A parte final tem a lista dos estudantes participantes, uma visão fotográfica do cotidiano escolar e a trajetória dos membros da equipe de pesquisa, terminando com as fontes de referências. Espalhado por todo o livro, um extra: a História da Escrita, onde o editor faz a narrativa ilustrada de como esta grande invenção saiu de sua mais remota origem nas pinturas das cavernas até mundo digital do Século XXI.

Informações adicionais

Professor Wallace Lopes Silva

Professor de Filosofia e História. Doutorando em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Urbanismo e Planejamento (IPPUR/UFRJ). Realizou estágio de Doutorado Sanduíche em Ciência da Literatura pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Dep. Letras e Literatura /UFRJ) e em Música pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ. Mestre em Relações Étnico-raciais pelo Programa de Pós-Graduação do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (PPRER/CEFET-RJ). Graduado nas áreas de Filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IFCH/UERJ), e em História pelo Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Veiga de Almeida (UVA-RJ).

É organizador e autor do livro Sambo, logo Penso: Afroperspectivas filosóficas para pensar o samba, premiado e publicado pela Biblioteca Nacional em coedição com a Hexis Editora. Professor pesquisador que integra os grupos de pesquisa credenciados pelo CNPq: Poder simbólico no espaço (LAB/ ESPAÇO-IPPUR/UFRJ), Afrosin (Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Interseções/ Instituto Multidisciplinar da UFRRJ), Racismo e Sociedade (Reflexões teórico-críticas sobre o fenômeno racial no Ocidente) do Colégio Federal Pedro II (CPII) e do Laboratório de Licenciatura e Pesquisa sobre o Ensino de Filosofia – LLPEFIL/UERJ.

A Editora

HEXIS é um selo editorial da Ali Comunicação e Marketing, empresa fundada em 2009, voltada para comunicação empresarial e edição de livros. A HEXIS é dedicada às Humanidades, voltada especialmente para o público diletante e universitário, interessado em Ciências Humanas, Filosofia e Letras.

Hexis, em grego arcaico, significa disposição ética ou hábito. E isso nos diz respeito enquanto editora, pois a nossa finalidade é cultivar com ética e disposição um hábito a ser ampliado em nossa cultura: a produção e difusão de ideias.

Atualmente conta com cerca de 20 títulos publicados, três deles em coedição com a Biblioteca Nacional e outros com o apoio de instituições como Petrobras, IFCS/UFRJ e PUC-Rio.

Orelha do livro “Assim disseram as crianças”

A leitura das frases das crianças que compõem esse Dicionário filosófico contém um elemento perturbador que nos leva a pensar o quão canhestro, pra não dizer nefasto, é o nosso modelo pedagógico. O problema das práticas pedagógicas convencionais é que elas não se dão conta de que a criança é um ser sensorial. A criança detém um conhecimento imediato de tudo o que a cerca; não carece de "definição". Toda definição já nasce moribunda, pois desconhece o sentido real das coisas, já que elimina do ato do conhecimento toda concretude que dá vida as coisas que nos cercam. É por isso que, quando perguntada sobre o que é o Belo, a menina Vitória responde "é uma flor", ou faz como Pedro Augusto que diz "brincar de pique-pega". Há algo de desconcertante nessas respostas, elas nos remetem a materialidade das coisas, tal como são apreendidas por nossa sensibilidade; não há lugar aí para a mediação pelo conceito. Foi uma perturbação de tal magnitude que fez com que Sócrates repreendesse aos Sofistas, acusando-os de responderem com exemplos, em vez de dar as definições desejadas. Toda definição é menos, é subtrativa; o que lhe falta é a materialidade sensorial que fazem com que as coisas sejam o que são. Que maravilha a resposta dada pela menina Manuela quando diz que "o belo é arroz com ovo". Nada mais belo, nada mais pleno de sentido e significação do que "arroz com ovo", principalmente quando se está varado de fome.

A sensação, a percepção sensorial, de tudo o que nos rodeia é uma provocação para o espírito, é assim que adentramos ao pensamento, somos tragados pela "vertigem do pensamento" como disse Alcebíades no Banquete de Platão. Como não rir quando o jovem Lucas diz que "O corpo é o impedimento marcado", ou então quando Zeus criança diz "Nossa mente pensa e o nosso corpo pula", ou quando a jovem Carolina agita o seu corpo pra exprimir o que ela entende por "Corpo". As respostas das crianças são provocações do espírito que forçam o pensamento. A criança é um efeito sofístico, seus enunciados são destituídos de qualquer condição de Verdade, são evocações de Problemas... "A dialética esconde o que a verdade não diz", quanto humor nesse enunciado do jovem Zeus.

O trabalho levado a cabo pelo Prof. Wallace Lopes junto aos estudantes do ensino fundamental é o exemplo de que é preciso deslocar o acento de nossas pedagogias. Nosso modelo pedagógico está calcado no modelo disciplinar da virada do Séc. XVIII para o Séc. XIX. O mundo mudou, as necessidades mudaram. Quanta estupidez em querer adequar as nossas crianças a um modelo disciplinar atávico e nauseabundo. É preciso trazer de volta às salas de aula o espírito provocativo que sempre orientou o pensamento. Essa é a lição que podemos tirar do método de trabalho desenvolvido pelo Prof. Wallace Lopes. É preciso que uma aula gere um desconforto no espírito. As provocações suscitadas pelos Sofistas, o incômodo gerado por suas aporias, orientaram a História da Filosofia desde Platão. Assim sendo, fiquemos com a provocação do jovem sofista Nilton Henrique: "A alma é o nosso cocô".

Fiquem à vontade e se deliciem com a leitura deste livro, com suas páginas de humor cáustico próprio da inocência das crianças.

Professor Ricardo Cezar Cardoso

Doutorando em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Mestre em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.